Com 30 anos de experiência no assessoramento para condomínios residenciais e comerciais em Campinas e região, a advogada Kelma Camargo, diretora da Anakel, sediada em Campinas, adota o conceito de tratar todos os mais de 10 mil moradores dos imóveis sob sua administração como clientes. O conhecimento acumulado já rendeu uma filial de sua empresa, aberta em Valinhos e administrada por sua filha Kellen Camargo, também advogada.
Kelma ressalta que sua atuação não se restringe apenas aos serviços obrigatórios contratuais. Ela afirma que presta assessoria jurídica de todo gênero, número e grau, à parte dos contratos condominiais, para muitos moradores quando necessitam resolver alguma pendência relacionada a outros imóveis de sua propriedade ou a alguma questão de outra natureza.
Porém, a atuação dos administradores de condomínios vai muito além das obrigações contratuais relativas às questões contábeis, movimentação bancária, contratação de empregados, entre muitas outras. São eles também que acabam envolvidos na solução de conflitos entre os moradores. Craque e experiente na matéria, Kelma revela que os animais são os campeões dos desentendimentos entre vizinhos, seguidos dos problemas das vagas em garagens e, em terceiro, o ruído de reuniões festivas, mais pontuais, e por isso, melhor toleradas pelos moradores por não ocorrerem diariamente.
Com relação aos animais, ela destaca o latido dos cachorros dentro da casa ou na varanda dos apartamentos como o fator que mais incendeia a relação entre os vizinhos. Porém, ressalta que ninguém pode proibir os animais de estar em sua unidade autônoma. “Eles são parte da família e cada condomínio estabelece suas regras, se podem ou não caminhar pelas áreas comuns e envoltórias, se podem usar o elevador social, o uso obrigatório de coleiras e focinheiras em determinadas situações”, explica. Ela acrescenta que são poucos os condomínios que possuem área específica para as necessidades dos animais. Na maioria dos casos, segundo Kelma, os donos devem sair com seus bichinhos nas ruas e recolher as fezes do passeio público.
Kelma pondera que o bom senso deveria imperar nessa convivência, mas nem sempre é assim. Conforme a advogada, há moradores mais conscientes, que treinam e dominam seus bichinhos para não latirem enquanto ficam sozinhos, porém, há outros que não se tocam com o incômodo que causam aos demais. O mesmo vale para o tamanho dos cães. “A maior parte dos cães é de raça pequena e média, há poucos animais de porte grande, mas considero que os donos desses animais maiores precisam ser conscientes e avaliar se a permanência não está trazendo prejuízo para a saúde deles. O dono é o maior problema, por pensar em si mesmo”, afirma.
Os gatos também são foco de conflitos. Kelma atribui à independência desse tipo de animal a maior causa dos conflitos. “Eles circulam muito, passam de uma sacada a outra e acabam saindo, fazem suas necessidades onde querem, mexem em tudo quando encontram uma janela aberta e não são poucos os casos em que eles caem e acabam morrendo”, comenta.
Sobre o segundo motivo de desentendimentos, Kelma afirma que as vagas de garagens foram calculadas para carros menores. “Hoje, os carros são maiores e muitos não conseguem entrar e sair de suas vagas e batem a porta no veículo ao lado. Os moradores, quando compram ou alugam os imóveis, não se preocupam em olhar as vagas de garagens”, diz ela. Embora seja um conflito recorrente, Kelma pondera que a maior parte das discordâncias é resolvida por meio do diálogo. “Mas quando não dá, o caso vai para a Justiça, que envolve custos para as partes e constrangimento”, declara.
Intolerância
A advogada diz que tem notado de 10 anos para cá uma maior intolerância entre os moradores dos condomínios. “Há uma ansiedade, impaciência e a insatisfação está refletindo no condomínio. A perda do emprego, da escola, do plano de saúde já era uma faca no peito e a alteração do Novo Código de Processo Civil trouxe mais ansiedade ainda”, avalia ela, referindo-se à rigidez imposta pela nova legislação que envia a cobrança do condomínio para o cartório de protestos após o terceiro dia de atraso no pagamento. “É uma faca no pescoço porque não haverá tolerância com os inadimplentes, já era esperada uma ação mais enérgica para o devedor em razão da legislação antiga, em vigor desde 2002, e que aplicava multa de 2% sobre o valor em atraso”, observa. Kelma já detectou uma queda na inadimplência de sua carteira de clientes de 5% para 3% desde que a nova lei entrou em vigor.
SERVIÇO
Anakel
fonte:
CORREIO POPULAR
http://correio.rac.com.br/_conteudo/2016/05/nacional_mundo/429602-experiencia-para-a-solucao-de-conflitos.html